Nota de repúdio contra o aumento da tarifa do transporte público em Salvador

O Conselho Regional de Serviço Social da Bahia - CRESS-BA vem manifestar repúdio em relação ao aumento da tarifa de transporte público na cidade de Salvador, anunciado no dia 10/11, passando a valer a partir do dia 13/11, de R$ 4,90 para R$ 5,20 (aumento de 6,12%). Desde o ano de 2017 a tarifa tem sido reajustada anualmente e, com o último reajuste, se tornou a mais cara entre as capitais do nordeste e uma das mais caras entre as maiores capitais do país. 

Quem reside nas grandes cidades e depende do transporte coletivo público vivencia, cotidianamente, o desafio para garantir a mobilidade no trajeto de casa para o trabalho (e vice-versa), para a escola/faculdade e para acesso aos serviços públicos diversos: péssima qualidade da frota de ônibus disponibilizada, quantidade insuficiente, especialmente nas periferias da cidade, com longos períodos de espera e ônibus superlotados. 

Constitui bandeira de luta do Serviço Social brasileiro a defesa do direito à cidade, entendido em perspectiva ampliada, relacionado à construção coletiva de uma vida urbana pautada na lógica de atendimento às necessidades humanas e sociais e não subsumida aos interesses de acumulação capitalista. No que está, portanto, também o direito à mobilidade urbana. A luta pelo transporte público gratuito, nesse sentido, subjaz um projeto societário alternativo à sociedade do capital, onde o interesse individual de poucos não está acima dos interesses coletivos. 

Na perspectiva de acesso aos serviços das diversas políticas públicas (saúde, assistência social, educação, etc.), o custo com o deslocamento se torna uma barreira de acesso às populações mais vulnerabilizadas.
Nos dias 13/11 e 17/11 diversas organizações estudantis realizaram protestos contra o aumento da tarifa em Salvador. Nova manifestação está prevista para acontecer no dia 23/11 (quinta-feira), na frente da Prefeitura. 

Aproveitamos para lembrar que em 2003, Salvador vivenciou uma onda de protestos estudantis contra o aumento da tarifa do transporte público, que levou milhares de estudantes às ruas. Dez anos depois, na chamada "Jornadas de Junho", em 2013, a bandeira pela tarifa zero voltou a mobilizar milhares de pessoas a irem às ruas, incorporando outras pautas que, em alguma medida, questionavam a lógica desigual de estruturação das cidades e apropriação da riqueza socialmente produzida. 
 
Para saber mais: Documentário "A revolta do buzu" 
 

Comentários

Registrar um comentário