Na luta de classes não há empate! Debates sobre conjuntura e atuação das/os assistentes sociais marcam o 15 de maio em Salvador

*Publicado em 23/05/2017

Assistentes Sociais em todo o Brasil comemoram o dia 15 de maio, a data é um marco da trajetória da profissão no país.  Ao longo desses mais de 80 anos de profissão, a categoria passou por profundas transformações e tem hoje, um referencial demarcado pela luta e posicionamento em defesa dos direitos da classe trabalhadora, pelas políticas públicas, democracia e contra o machismo, LGBTfobia e o racismo. Esse perfil profissional está explicitado pela atuação do Conjunto CFESS-CRESS que a cada ano lança junto às comemorações do dia da/o Assistente Social, uma campanha nacional que aglutina as inquietações, posicionamentos e disputa de consciência junto à sociedade.

 

Este ano, “Na luta de classes não há empate! Profissional em defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais” trouxe para a ordem do dia da categoria a necessidade de debate sobre a conjuntura política do país e atuação da/o profissional de serviço social. Na Bahia, o Conselho Regional de Serviço Social – 5ª Região (CRESS-BA) organizou atividades em mais de 20 cidades e realizou no último dia 15 de maio, segunda, uma atividade em Salvador que reuniu movimentos sociais, palestras, discussões e um sarau de poesias. Ainda nesta atividade, que aconteceu no Hotel Portobello, houve a cerimônia de posse da nova gestão, eleita democraticamente, Quebrando pedras e plantando flores (2017-2020).

 

15 de maio em Salvador

As atividades comemorativas ao 15 de maio iniciaram ainda pela manhã, em Ondina-Salvador, com uma mesa de abertura composta por Adriana Nascimento e Heleni Àvila (Gestão Quem vem com tudo não cansa – 2014-2017), Vanderlino Carvalho e Ana Cristina Lima (trabalhador/ra do CRESS-BA), Carol Ramos (UCSAL). O momento inicial foi de saudações pelo dia, apresentação da campanha nacional e reafirmação da trajetória da profissão. Em sua fala, Carol Ramos destacou a importância de assistentes sociais estarem juntas/os no dia 15 de maio para trocas e debates.

 

A fala de abertura foi sucedida pela mesa redonda “Na luta de classes não há empate: o lugar dos movimentos sociais na atual conjuntura”. Composta por Marcos Rezende (CEN), Gustavo Coutinho (Mov. LGBT; OAB-BA), Tânia Palma (Mov. Por Moradia), Lucia Pereira (Mov. População de Rua), Djacira Maria de Oliveira (MST-BA), a mesa contou com a presença ainda de Vilma Reis (Ouvidoria Geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia).

 

As falas das representações dos Movimentos Sociais foram no sentido de resgatar os principais avanços ocorridos nos últimos 15 anos, período de governo Lula-Dilma. Para Vilma Reis, muitos desses avanços se dão por conta da procura das classes populares por direitos e serviços. O resgate, entretanto, foi feito juntamente com reflexões fundamentais sobre a situação de desigualdade social vivida no Brasil que associada à estrutura patriarcal e a divisão racial do país ainda designa os índices mais alarmantes de violação de direitos às mulheres, mulheres negras, juventude negra e comunidade LGBT.

 

Em sua fala Tânia Palma (Mov. Por Moradia), afirmou a necessidade de politização da discussão sobre a pobreza. Para ela é necessário conhecer a história da formação da sociedade brasileira e dívida histórica dessa sociedade com a população indígena e negra, por exemplo. Sua fala também fez relação com a atuação das/os assistentes sociais, refletindo sobre a importância dessa consciência para avançar na relação com as categorias usuárias dos diversos serviços onde atuam as/os profissionais de Serviço Social, para ela é preciso apartar o exercício profissional do assistencialismo e que a atuação deve ser a partir de uma pedagogia revolucionária. Sobre isso, Lucia Pereira (Mov. População de Rua) apontou as dificuldades que a população de rua tem no acesso às políticas e afirmou a importância de articulação entre os movimentos sociais para superar a conjuntura que está posta.

 

Djacira de Oliveira (MST-BA), em sua fala afirmou que “é através dos movimentos sociais que podemos ampliar a participação social”. As falas da mesa dos movimentos sociais foram categórica ao afirmar a necessidade de construção de mobilização da população para barrar as reformas trabalhistas e da previdência. A compreensão é de que o governo ilegítimo de Michel Temer tem uma relação explicita com os interesses da burguesia interna e internacional e que suas reformas aprofundarão a desigualdade e a precarização do trabalho no Brasil.

 

O segundo momento da atividade comemorativa foi a conferência “Na luta de classes não há empate! Profissional em defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais”, com Eblin Farage (UFF). Em sua fala, a professora e sindicalista, pontuou que as reformas colocadas pelo atual governo seguem o fluxo da reorganização do capital e que a democracia burguesa tem como características essa fragilidade dos direitos dos movimentos sociais e organizações trabalhistas. Colocou ainda que a reforma da previdência não pode ser entendida em separado da reforma trabalhista e da terceirização e que estas apresentam um cenário de fragilização do trabalho em larga escala.

 

Eblin Farage apontou em sua fala que o Serviço Social tem como tarefa na atual conjuntura se reconhecer enquanto classe trabalhadora, primeiro para compreender que a categoria está submetida aos mesmos processos de precarização, mas também para que esta se insira nos espaços das organizações da classe em que atua. Sua fala foi um chamado ao estudo sobre as condições de recrudescimento que se apresentam, mas também foi uma convocatória para atuação e mobilização coletiva. Para Eblin, “a emancipação humana só é possível fora da ordem burguesa”.

A mesa e a conferência foram seguidos de debate feito a partir de uma plenária composta por assistentes sociais e estudantes de Serviço Social, além de profissionais de outras categorias, como psicólogas/os que em seus locais de fala contribuíram com as reflexões e debates propostos nos dois momentos supracitados. Ainda como parte da programação, à noite, aconteceu a apresentação cultural feita pelo Sarau da Onça coletivo poético do bairro de Sussuarana. Em cena, as contradições do racismo no cotidiano da população negra em Salvador.

Quebrando pedras e plantando flores: empossada a nova gestão do CRESS-BA (2017-2020)

Como parte das determinações do código eleitoral, o 15 de maio após a realização das eleições é também dia de cerimônia de posse para as novas gestões. A cerimônia aconteceu após a prestação de contas da gestão Quem vem com tudo não cansa (2014-2017) feita por Heleni Àvila e Adriana Nascimento.

 

Quebrando pedras e plantando flores assumiu a gestão do CRESS-BA, após ser eleita democraticamente em um processo eleitoral que reuniu 3 chapas em disputa e que mobilizou assistentes sociais em todo o estado da Bahia. Dilma Franclin, presidenta eleita, em seu discurso de posse fez um balanço sobre a conjuntura política do país e pontuou “O Serviço Social na contramão do que está posto tem em seu horizonte a defesa intransigente dos direitos sociais e da justiça social, se posicionando contrariamente a qualquer retirada e\ou diminuição de direito da classe trabalhadora”. Afirmou ainda que a luta, orientada pelo projeto ético-político profissional e articulada com movimentos sociais é o horizonte da gestão.

 

A nova presidenta do CRESS-BA relembrou o processo eleitoral e o processo de construção e campanha da então chapa Quebrando pedras e plantando flores: “O processo eleitoral, sobretudo foi marcante para o exercício da participação da categoria, seguimos com inúmeros desafios que certamente só serão superados com o envolvimento efetivo da categoria”.

 

O discurso de posse foi finalizado com uma fala que reitera o compromisso da atuação política do grupo e convida a participação efetiva da categoria: “Nos manteremos na defesa intransigente do Projeto ético politico do Serviço Social. Estaremos nas ruas, em Conselhos, Conferências, Audiências, Encontros Municipais, Estaduais e Nacionais, Assembleias, nas Comissões de trabalho do CRESS, em reuniões de Conselho Pleno, reuniões, na Bahia... Por isso, precisamos de vocês conosco todos os dias para construir o CRESS que queremos”.

 

Quebrando pedras e plantando flores (2017-2020) é:

Dilma Franclin de Jesus (Presidente)

Jucileide Ferreira do Nascimento (Vice-Presidente)

Josimara Aparecida Delgado Baour (1ª Secretária)

Silvia de Oliveira Pereira (2ª Secretária)

Laura Paes Machado (1ª Tesoureira)

Elaine Amazonas Alves dos Santos (2ª Tesoureira)

 

CONSELHO FISCAL
Débora Santos Aragão

Fabiana Santana dos Santos

Julielba Maria dos Santos Chapermann

 


SUPLENTES
Deborah Santos de Jesus do Rego Monteiro

Elisângela de Souza Santos

Verinilson Lima Lúcio

Rita Cristina Souza de Oliveira

Elizabete Souza Dantas

Larissa Feitosa da Rocha

Haiana Ferreira de Andrade

Ivone Pires Ferreira de Oliveira

Tatianne Melo de Freitas

 

 

“Das Pedras (Cora Coralina)

Ajuntei todas as pedras que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta e no alto subi.
Teci um tapete floreado e no sonho me perdi.
Uma estrada, um leito, uma casa, um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude dos meus versos.”

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