20 DE NOVEMBRO: LUTAR CONTRA O RACISMO É DEFENDER A VIDA E A LIBERDADE DO POVO NEGRO

 

Em 20 de novembro de 1695 morre Zumbi, líder do Quilombo do Palmares, símbolo da resistência do povo negro frente o regime escravocrata no Brasil. Como resultado da articulação do Movimento Negro Brasileiro a data é lembrada nacionalmente como o Dia Nacional da Consciência Negra. Apesar dos ares de comemoração, as/os negras/os no Brasil ainda amargam os frutos de um processo abolicionista incapaz de garantir a cidadania e do mito da democracia racial brasileira que, na verdade, invisibiliza o papel e a importância da participação do povo negro na construção desta sociedade, reforçando assim o racismo.

 

Apesar de algumas ações governamentais no sentido de diminuir a desigualdade racial, o Estado ainda é conivente com o processo de genocídio do povo negro a partir, por exemplo, da violência policial, nas periferias, nos presídios e nas ruas. Segundo o 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, das 53.646 vítimas de homicídio, 36.479 são negras; dos 574.207 presos, 307.715 são negros. Multiplicam-se a visibilidade dos casos como o de Amarildo no Rio de Janeiro, e da chacina que aconteceu em Belém (PA). Na Bahia, um dos estados mais negros do país, a violência policial além de assustar também tem endereço certo: O jovem negro da periferia. Não esqueceremos o adolescente Jackson desaparecido e morto em 2013 na cidade de Itacaré. Desde o último 24 de outubro, em Salvador, a família do também adolescente Davi Fiuza ainda cobra respostas das autoridades e da polícia sobre o seu desaparecimento.

 

O cenário não é feito apenas da violência física. Após um longo processo de atuação da cultura hegemônica que invisibiliza e estereotipa a cultura negra, o povo negro também resiste à opressão simbólica. São muitas as Aureas Silva que quando utilizam signos da cultura negra precisam lutar contra o constrangimento imposto pelo racismo socialmente institucionalizado. Assim como são muitos os terreiros de candomblé/umbanda que enfrentam até hoje a intolerância e a violência religiosa.

 

Baseado no princípio de um exercício profissional pautado na superação da discriminação, no aprofundamento da democracia e na defesa intransigente dos Direitos Humanos, o CRESS-BA, em consonância com o Conjunto CFESS-CRESS, tem em sua agenda permanente a luta contra o racismo. A sua superação faz parte do processo de conquista e aprofundamento da “contra-hegemonia”. Neste ano, estivemos nas ruas contra o genocídio do povo negro e a manipulação da mídia sobre a identidade da mulher negra e nos posicionando contrários a todas as manifestações de racismo e preconceito.

A comemoração plena no dia da Consciência Negra ainda não chegou. Entretanto, na Bahia, palco de lutas como a Revolta dos Malês e dos Búzios, o dia  é também para saudar nossas/os ancestrais negras/os que ao longo da história nos mostraram a importância da resistência para alcançar a liberdade.


Contra o racismo, nenhum passo atrás!

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