Formação Assistentes Sociais Sobre Questão Racial

 

*Publicado em 14/11/2019

No último dia 08, ocorreu na sede do CRESS/BA, proposta pela  Comissão de gênero, raça, etnia e diversidade, uma atividade com a Assistente Social, Andréa Mércia, que atua na perspectiva do desencarceramento, a partir da aplicação de soluções humanizadas e restaurativas. Ativista de movimentos sociais e pesquisadora, contribui  nas discussões sobre relações raciais e de gênero. É Coordenadora-Geral da CEAPA - Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia que conta atualmente com 17 unidades em Salvador e no interior do estado e integra esta Política Pública há 15 anos. Somado a toda essa competência, a primeira convidada a integrar essa formação profissional com intencionalidade de aprofundar o compromisso do CFESS/CRESS em pautar questões étnico-raciais , discutiu acerca do Feminismo Negro e o abolicionismo Penal, fazendo a relação com pesquisas, debates e teorias. Lembrou conceitos clássicos e históricos sobre a criminologia como a Clássica; Clínica; Positivista; Lombrosiana ; Crítica e até mesmo as contribuições que o Feminismo Negro vem desenvolvendo e que repercute na percepção e ações abolicionistas nas intervenções do Código Penal Brasileiro. Recebendo influências inclusive, de pensadoras como a filósofa socialista estadunidense, Angela Davis que faz análises e reflexões críticas no sentido de perceber o crime como uma construção social, questionar através da sua Obra: “Estão as prisões obsoletas?”. Andréa, durante sua exposição, apresentou dados do Relatório sobre audiências de custódia. Citou nomes importantes na construção deste debate que interseccionaliza as variadas opressões sem sobrepor nenhuma sobre a outra, como bem sinaliza a Advogada Americana, pensadora do Conceito Kimberle Cren shaw e a Assistente Social Carla Akotirene que traz em nosso território uma contribuição densa acerca dessa concepção analítica. Assim, interseccionalizando conceitos, percepções e estudos, Andréa foi intensificando o debate, permitindo trocas e contribuições dos presentes na formação profissional, trazendo suas experiências através do CEAPA, fazendo , como deve ser, a análise crítica dos Direitos Humanos, desromatizando-o . Citando nomes e Obras como o de Ana Flauzina; “Corpos negros caído no chão”. Fanon : “Os condenados da Terra”; Silvio Luiz de Almeida com “O que é racismo Estrutural” ; Achille Mbembe que discute acerca da necropolítica e as repercussões acerca dessa concepção na vida e nos corpos negros da nossa sociedade. Outros e outras teóricas foram citadas no decorrer da exposição, enriquecendo ainda mais o debate e aprofundando a discussão. Foi um momento rico e importante para refletir sobre o exercício profissional, a partir de uma perspectiva crítica, propositiva e na direção de uma sociedade livre de explorações e opressões, onde a liberdade seja base de novas relações sociais.

 

Texto construído pela assistente social Jamile Santana, integrante da Comissão de Gênero, Raça, Etnia e Diversidade.

 

 

Conselho Regional de Serviço Social - CRESS- BA/5°Região

 

Comentários

Registrar um comentário