Setembro Verde: luta em defesa dos direitos das pessoas com deficiência e mês de campanha para a Doação de Órgãos

“Nossa Liberdade é Anticapacitista”: no mês em que comemoramos a luta das pessoas com deficiências, o Comitê Anticapacitista do CRESS-BA reforça seu compromisso pelo direito à inclusão, respeito às diferenças e o enfrentamento ao capacitismo.

Porém, além da necessidade de visibilização da luta por defesa dos direitos das pessoas com deficiência para que os acessos e direitos se ampliem, e construamos um cotidiano de cada vez mais inclusão, importa que façamos a ligação dessa pauta extremamente urgente com outra igualmente importante: a de doação de órgãos.

Embora o Brasil seja um dos países que mais realiza doação de órgãos, essa pauta é invisibilizada diante de sua relevância numa sociedade ainda conservadora, fundamentalista e que, a nível dos investimentos no Sistema Único de Saúde, mantém-se com desafios construídos pelas desigualdades socioeconômicas, racismo, insegurança alimentar e outras iniquidades que determinam as condições dos doadores e receptores.

Queremos chamar a atenção sobre o circuito de doação de órgãos, espaço de atuação da/do assistente social, que segundo a pesquisa “Desafios e necessidades no processo de transplante de órgãos no Brasil”, realizada em 2023 pelo IPEA, tem em sua dinâmica a falta de transparência e a complexidade de tradução de indicadores de saúde relacionados ao debate que contribuem para o aprimoramento do sistema de transplantes brasileiro e que devem tornar-se compreensíveis para o público, no sentido da adesão de famílias que comumente têm feito a negativa de doação de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2019, aproximadamente 42% das famílias entrevistadas, o que equivale ao número de 2.716 num universo de 6.476 famílias entrevistadas, responderam negativamente para a doação de órgãos, que é mais uma linha do movimento de defesa da vida, do fortalecimento da saúde e do próprio SUS.

Assim, sem que deixemos de refletir sobre como a pauta anticapacitista é encarada no contexto de doação de órgãos, perguntamos: uma pessoa com deficiência pode ser doadora de órgãos?

Sabemos que sim. Porém diante dos desafios de acessos aos direitos e de supressão das demais necessidades do público com deficiência, entendemos como um feito difícil e cada vez mais necessário de ser debatido e construído na via de inclusão das PCD’s, para que não apenas as façamos doadoras, mas também possamos garantir os debates das singularidades e existências com base nas intersecções de deficiência, gênero, sexualidade e mais, de raça e classe. Para que assim, sejam também refletidas para a garantia dos direitos e da vida.

Portanto, seja mais um aliado, aliado ou aliade na luta anticapacitista e na defesa do sistema de doação de órgãos.

Doar órgãos é um gesto de solidariedade, salva vidas e constrói a inclusão.

 

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